Thursday, May 31, 2007

Componentes: o que passa da antiga bicicleta

Além da Rockshox Reba Team, haverá mais um conjunto razoável de componentes a transferir da actual BTT:

Desviador traseiro SRAM X9 - funciona muito bem (gosto claramente mais do SRAM X9 do que do Shimano XTR). Reconheço que responde às solicitações de forma um pouco mais "preguiçosa" do que o X0 que, esse sim, é o melhor que já experimentei.

http://www.sram.com/en/srammountain/components/x9/rearderailleur.php

Manípulos SRAM X0 Twist - apesar da evolução dos manípulos tipo rapidfire e trigger, continuo a gostar dos chamados gripshifts não só pelo peso menor mas principalmente porque requerem muito menos precisão de afinação (faço centenas de kms, algumas vezes com condições bem extremas, sem ter que tocar nos afinadores). Controlar o desviador da frente com estes manípulos então é muitíssimo mais fácil devido à multiplicidade de posições intermédias.

http://www.sram.com/en/srammountain/components/x0/twistshifter.php

Selim Selle Italia SLR XC Gelflow - 178 gramas de ergonomia perfeita mas que requerem alguma adaptação para quem como eu vem dum Selle Italia Flite clássico. Como daqui a dias vou fazer uma Maratona do nacional (Estremoz - 03-06-07) só para ver se consigo chegar ao fim porque nunca na vida fiz mais de 48kms seguidos, vem aí a prova de fogo deste selim. Admito que se torne incómodo passadas duas horas mas o "diálogo" com o selim é muito mais meigo quando a bicicleta tem suspensão total por isso não estou muito preocupado.

http://www.selleitalia.com/eng/index.html

Guiador Easton EC70 - guiador recto em carbono mas sem demasiados exageros do lado do peso poupado. Tem um ângulo relativamente pronunciado para trás que me mudou um pouco a posição (pelas minhas contas, face ao que tinha anteriormente, tirou cerca de 1 cm na distância real ao guiador) mas aumentou o conforto. Comprei-o no Ebay novo por metade do preço praticado cá na nossa terra.

Wednesday, May 30, 2007

Componentes: travões

Uma bicicleta polivalente, minimamente preparada para enfrentar todas as condições com uma relação razoável entre segurança e performance, não pode ser montada com V-Brakes.

Houve portanto que escolher um sistema de travão de disco.

Testei os Shimano XT e XTR (que achei lentos na resposta). Testei os Avid Juicy 7 (excelentes!) e os Magura Marta.

Acabei por me decidir pelos últimos na sua versão SL até porque consegui que viessem dos Estados Unidos. Lá, não só têm um preço de tabela mais barato do que na Europa (situação estranhamente habitual para muito material fabricado na União Europeia), mas também, com a desvalorização do dolar, acabaram por sair a pouco mais do que metade do preço no nosso país.

Um travão para uma bicicleta de XC/Maratona minimamente leve com um ciclista leve (peso menos de 70kg) não necessita de rotores com mais de 160mm. Importa também que o sistema não seja excessivamente penalizador do lado do peso.

Este último ponto reduziu-me a escolha aos Hope Mini, Magura Marta SL e Avid Juicy Ultimate.

Os Magura têm a vantagem acrescida de usarem óleo mineral e não DOT que como se sabe é um líquido suficientemente corrosivo para arruinar a pintura de um quadro se houver algum descuido numa operação de manutenção.

Quanto ao peso (e em futuros posts falarei mais sobre isso) ficaram pelos 365 gramas cada (com todas as peças incluindo anilhas) mas antes de cortar o cabo. Este vem com 180cm quando por exemplo no travão da frente dificilmente serão necessários mais de 80.

Com rotores NoTubes e parafusos de titânio retiram-se perfeitamente 100/120 gramas ao sistema todo (e algum desempenho também) mas sai estupidamente caro e duvido que se ganhe muito com isso.


Tuesday, May 29, 2007

Componentes: suspensão e rodas


Como a bicicleta está a ser projectada para competir, a escolha de componentes é particularmente crítica.



Os factores chave são para mim o funcionamento sem falhas e o baixo peso.



Após um período de demorada pesquisa, foi possível perceber que, passando as melhores peças da minha actual bicicleta e utilizando os mais reputados pontos de venda via internet (em que a relação preço/qualidade é imbatível), seria possível ter o conjunto ideal sem que isso fizesse um enorme rombo no orçamento.



Começemos então pelos pontos mais críticos: suspensão e rodas



A suspensão da frente é uma transferência da bicicleta actual - Rockshox Reba Team de 2007.

http://www.sram.com/en/rockshox/crosscountry/reba

Há melhor? Sinceramente acho que há! Qualquer Fox F100 tem um funcionamento mais eficaz mas é muito mais exigente em termos de manutenção e não tem bloqueio remoto que é algo sem o qual eu não consigo viver. A F100X com bloqueio inteligente é tão cara que foi posta de lado. Talvez num futuro upgrade.



Quanto às rodas rapidamente se reduziram as escolhas às Mavic Crossmax SLR e às DT Swiss 1540. Porquê? Porque são ambas referências da relação peso/performance. Os factores a valorizar numas rodas são para mim a qualidade da montagem, a rigidez lateral, o peso e atrito dos cubos.


Estes dois modelos evidenciam-se precisamente por essas propriedades com ligeira vantagem das SLR no peso e rigidez lateral contra uma mais notória superioridade das DT na montagem e principalmente na qualidade dos cubos. Nesse ponto a engenharia suiça continua a dar cartas.



Acabei por optar pelas DT mas cedo percebi que era possível, por um preço mais módico, encomendar umas rodas artesanais precisamente com os mesmos componentes com a enorme vantagem dos cubos terem fixação IS para os rotores. As 1540 vêm montadas para Centerlock embora tragam um conversor mas este aumenta o peso e a complexidade.

http://www.dtswiss.com/index.asp?fuseaction=wheels.bikedetail&id=4

Porque se conseguem umas DT 1540 artesanais mais baratas? Porque as pré-montadas trazem sacos, apertos DT (muito bons mas algo pesados) e os conversores para os discos. Além disso passam por um apertadíssimo controlo de qualidade com tolerâncias mínimas e trazem uma garantia que as artesanais obviamente não disponibilizam.


Para "fazer" umas 1540 "basta" ter um par de cubos DT 240s, um par de aros XR4.2, 56 raios (penso que de 26.4cm) DT Aerolite e as respectivas cabeças. Quem procurar uma montagem mais robusta pode optar ainda por uma solução com 32 raios que à partida permite ganhar alguma rigidez lateral sem demasiada penalização de peso (menos de 40/50 gramas).

Suspensão total para competir

Em Fevereiro de 1996 comprei a minha primeira e actual BTT.



Uma Specialized Stumpjumper em aço CrMo com forquilha rígida e equipamento de média gama.

A uma fase com alguma intensidade de uso, na qual fui melhorando as suas componentes, seguiu-se um período de praticamente uma década com muitos meses em que a bicicleta raramente saía da garagem.

O ano passado em Março, comecei a treinar com alguma regularidade e aproveitei para participar em algumas provas menores (XC em Promoção e maratonas de meia distância).

Tendo as raizes noutra década, e depois de ter estado por fora das evoluções entretanto ocorridas, fiquei abismado com a quantidade de bicicletas de suspensão total que se encontravam em provas principalmente quando estas eram um pouco mais extensas.

Para mim suspensão total equivalia a descer mais rápido e com mais segurança mas pagando um preço bem elevado: menor eficiência na pedalada, flexão lateral e peso adicional.

Por outras palavras, para os meus objectivos não fazia sentido.

Testei uma Specialized Epic, que supostamente nos consegue dar o melhor dos dois mundos devido ao bloqueio inteligente, e gostei do conforto, fiquei satisfeito com a rigidez lateral mas quanto a subir, pareceu-me ficar bem aquém da sensação de resposta directa da minha rígida até porque a "inteligência" do bloqueio não se faz sentir 100% do tempo.

Não só a penalização do peso foi notória mas também a tracção a pedalar em pé estava bem longe do óptimo.

Seguiu-se uma GT I-Drive em Carbono e aí fez-se alguma luz. Com um peso próximo de 11,4 kg e um amortecedor Fox RP23 com plataforma, posso dizer que respondeu às subidas mais duras bem melhor do que a minha rígida. O teste de fogo foi numa rampa com elevadíssima inclinação e aderência mínima onde frequentemente chegava bem próximo das 180 pulsações. A GT levou-me ao topo da subida sem perdas de tracção, seguramente mais depressa e a uns surpreendentes 170 batimentos por minuto.

Nesse momento soube que a minha próxima bicicleta teria uma suspensão atrás.


A escolha

Comprar essa GT seria o mais óbvio mas queria mais opções e depois de muito pesquisar reduzi a escolha a 5 quadros. Uma coisa era certa: o Fox RP23 teria que fazer parte da solução e assim foi:

a) Yeti ASR-SL - http://www.yeticycles.com/Bikes/BikesASR.cfm

b) Santa Cruz Blur XC - http://www.santacruzbikes.co.uk/bicycles/blurXC.html

c) Rocky Mountain Element 70 - http://www.bikes.com/bikes/2007/element/element-70.aspx

d) GT I-Drive Carbon - http://www.gtbicycles.com/mountain/catalog/detail.php?id=2719&country=usa&brand=moun

e) Turner Nitrous - http://www.turnerbikes.com/2007/nitrous.html

A GT era a mais barata mas fiquei logo mal impressionado com a fraca qualidade do seu site que remete para o país do utilizador mas depois não tem informação útil. Injustificável no século 21 e é um mau indício relativamente ao suporte ao cliente. Além disso:
1 - as outras são mais leves tirando talvez a Rocky Mountain que deve andar pelo mesmo peso;
2 - não gosto muito daquele monocoque compacto que por exemplo nem tem espaço para um bidon e eu não gosto de Camelbacks;
3 - o sistema I-Drive apesar de funcionar muitíssimo bem parece-me excessivamente exposto aos elementos e no meu teste produziu uns ruidos em carga que me sobressaltaram.

Quanto às outras, a inclinação inicial foi para a Yeti mas depois descobri que tem uns pequenos flexores em carbono nas escoras superiores que melhoram substancialmente o funcionamento da suspensão mas que me deixam preocupado quanto à sua longevidade. Trata-se de uma versão minimalista dos sistemas é da Cannondale Scalpel e da Orbea Oiz (baseado não num ponto de rotação mecânico mas na flexibilidade natural do carbono) ficando assim um pequeno pivot auxiliar junto ao eixo da roda traseira.

A Rocky Mountain acabou por ser eliminada por ter uma solução de suspensão demasiado tradicional e porque a geometria do quadro, apesar de ser a mais próxima do meu actual, me pareceu demasiado "puxada à frente" e uma das minhas "especialidades técnicas" é passar por cima do guiador nos drops aterrando de costas no chão. Devido à minha total incompetência técnica sou obrigado a sacrificar alguma eficiência a subir em troca de um pouco menos de insegurança em descidas muito inclinadas.

A Turner era a mais leve e a eficiência das suspensões desenhadas pelo Sr. Paul Turner é verdadeiramente lendária. De todas é a mais virada para a competição pura e dura pelo que tem cerca de 8cm de curso contra os 10 ou mais das restantes. Todavia deparei com um conjunto de posts em pelo menos dois foruns em que os infelizes proprietários se queixavam da fraquíssima resistência do quadro. Como quero uma solução duradora, a Turner ficou fora.

Fiquei assim com a Santa Cruz Blur XC e o muito bem reputado VPP - Virtual Pivot Point. As opiniões sobre a bicicleta são em geral positivas restringindo-se as queixas a dois aspectos particulares: traseira demasiado estreita para determinados pneus (2.2 para cima) e pivots ruidosos (exigência de manutenção demasiado frequente).

Os pneus não serão problema porque dificilmente irei usar algo acima de 2.0 atrás. Quanto à manutenção dos pivots, a Santa Cruz mudou de rolamentos este ano provavelmente para melhorar esse aspecto que seguramente os incomodava porque aparece referido em muitos fóruns de referência.

A encomenda do quadro (em preto anodizado) foi feita no início deste mês. Das restantes componentes falarei brevemente.