Saturday, December 22, 2007

Upgrade da suspensão???

Depois de cerca de 1500km de uso da suspensão Rockshox Reba Team de 2007, com base nuns testes que entretanto fiz, decidi aproveitar uma boa oportunidade e comprei uma Fox F100 RLC igualmente de 2007. As primeiras impressões foram as que abaixo descrevo. Pode ser que evoluam à medida que for dando uso à Fox mas para já diria que não ganhei muito com a mudança além de 80 gramas a menos e muito melhor sensibilidade mas apenas nos pequenos impactos.

Realmente mau é o aspecto com que a bicicleta ficou. Aquele branco não tem nada a ver com o resto da bicicleta.


Regulações:
Rockshox Reba Team
Pressão do ar positivo
Pressão do ar negativo
Rebound
Bloqueio e compressão remotos
Blow-off

Fox F100 RLC
Pressão do ar
Compressão
Rebound
Bloqueio
Blow-off

O melhor da Fox
Peso
Sensibilidade na parte inicial do curso
Sensibilidade quando activado o blow-off
Regulações precisas e eficazes

O pior da Fox
Sensibilidade na parte final do curso (excesso de progressividade)
Bloqueio na perna superior
Interferência entre as acções de bloqueio/desbloqueio e a regulação da compressão

O melhor da Rockshox
Linearidade (utiliza-se melhor o curso disponível)
Bloqueio remoto

O pior da Rockshox
Sensibilidade
Sensibilidade quando activado o blow-off
Intereferência ligeira entre o manípulo de bloqueio e de compressão remotos

Conclusão:
A Fox parece ser menos adequada para uma utilização mais desportiva. A dificuldade de acesso do bloqueio e a quase constante interferência com o controlo da compressão são pouco compatíveis com um uso em esforço máximo. Por outro lado a excessiva progressividade faz com que apenas a utilização real dos 100mm de curso se resuma tipicamente a 80. Embora baixando a pressão se consiga usar melhor a parte final do curso, o sag excessivo que daí resulta acaba por traduzir-se num baixar da frente da bicicleta com consequências na sua manobrabilidade. O uso da Fox deve ser restrito a bicicletas com suspensão total dado que o funcionamento equilibrado da frente e traseira vai exigir menos acções de bloqueio.

A Rochshox, apesar de à partida parecer muito menos confortável, permite uma utilização bastante mais agressiva e ajustada às exigências da competição. Face é Fox, é de esperar um ligeiro aumento da fadiga do ciclista em percursos muito longos e com menos irregularidades.

Friday, November 30, 2007

Voltinha lamacenta


A capacidade de encontrar tempo e motivação para treinar anda próxima de zero. Muito dificilmente irei competir para o ano. A tolerância ao sofrimento, essa, foi-se embora no fim do Verão e não voltou a casa.

Resta investir no prazer puro de dar umas voltinhas a tirar partido do terreno e da bicicleta.

A lama regressou aos caminhos e não poupa o material.

Esta foto mostra uma bicicleta no estado em que ela se deve encontrar no final duma volta.

Wednesday, October 24, 2007

Regresso (tímido) aos treinos

Após um mês de quase total actividade, voltei a treinar com regularidade a partir do dia 8 de Outubro.

É impressionante o impacto que apenas algumas semanas de paragem têm no estado geral de forma.

Sinto-me lento, pesado, sem técnica, sem ritmo de pedalada e emocionalmente abalado com a ideia de ter que trabalhar muito e sofrer horrores para voltar às proximidades do ponto de forma onde me encontrava antes da paragem. Se quiser pensar em recuperar a forma que tinha em Maio então preciso quase de um milagre.

Enfim... a chegada do Inverno também não vai ajudar muito.

Resta esperar que (re)nasça alguma motivação para fazer treino em rolos com regularidade diária e espírito de sacrifício para me levantar às quinhentas aos fins de semana.

Sunday, September 30, 2007

Pai babado

Nesta fase em que a minha prática ciclística vive um parentesis (que já leva praticamente 4 semanas), o uso da bicicleta pode ser voltado para outros rumos. Tenho aproveitado para fazer uns passeios com o meu filho e a coisa tem-se revelado muito compensatória.

O rapaz sempre teve um jeito natural para as bicicletas que lhe permitiu por exemplo deixar as “rodinhas” ainda com 3 anos e ficar em segundo nas 3 (pequenas) provas de XC em que participou apesar de serem disputadas com miúdos com mais dois ou três anos do que ele. Só nunca ficou em primeiro porque há um vencedor sistemático, dois anos mais velho, que é doutro planeta.

Quanto mais técnico e físico for o percurso, melhor para ele. Se subir depressa não é problema, a descer e a curvar a diferença para os outros é enorme e há que dizer que eu próprio às vezes não tenho pedalada para determinados desafios técnicos que ele ataca sem medo e, 90% das vezes, passa à primeira sem problemas.



A maior demonstração das suas capacidades ocorreu recentemente num passeio de 20 km na Tapada de Mafra que, mesmo com um acumulado superior a 450m, foi percorrido a uma média que não envergonharia muitos adultos mas com a particularidade dos dois últimos terços terem sido feitos em “single-speed” devido a uma avaria (dropout do desviador partido).

A novidade de agora são os saltos. Se eu sou daqueles que, mesmo perante autênticas rampas de lançamento, arranjo sempre maneira de manter os pneus bem juntinhos ao solo, o rapaz parece que ganha asas e voa autenticamente em altura e comprimento de forma desconcertantemente controlada.


Quem leu o texto até aqui pensará que o miúdo tem um pai “daqueles” que se projecta no filho, induzindo-o a praticar com excelência o desporto de que gosta, “puxando” por ele sistematicamente. Felizmente não sou assim. O meu filho chega a ficar mais de um mês sem tocar na bicicleta. As provas em que entrou foram aquelas onde eu fui em família e, dado o seu gosto pela coisa, havendo uma competição para a idade dele, seria uma violência não o deixar participar.

Acrescento que nos seus 8 anos só fez mais de 20 km uma vez (com algumas paragens prolongadas) e no máximo terá feito 4 vezes uma distância superior a 10 km todas neste verão. Quando anda de bicicleta costuma é procurar trabalhar a técnica. É fácil porque ele adora desafios e é duma persistência doentia cada vez que se lhe depara um obstáculo novo.

Concluindo diria que objectivamente o rapaz parece ter um talento clarissimamente acima da média. Sendo pai dele, esta frase teria pouca credibilidade se não fosse também fruto de opiniões imaparciais.

O crescimento das crianças nunca é linear e tem fases nas quais dois miúdos exactamente da mesma idade podem apresentar diferenças enormes de disponibilidade física. Com o tempo, eventuais diferenças tendem a esbater-se sendo amplamente conhecidos casos de super-mini-campeões que na idade adulta acabaram por alinhar pela mediania. Talento normalmente equivale a resultados e a obtenção sistemática de boas classificações é perigosa em idades mais tenras podendo afectar a formação dos miúdos.

Por isso o meu filho vai continuar a andar de bicicleta e eventualmente competir, mas sem exageros e só enquanto isso for manifestamente divertido para ele. Não me passa pela cabeça federá-lo muito menos colocá-lo numa escolinha de ciclismo.

Saturday, September 8, 2007

A primeira queda séria

No dia 1 de Setembro pretendia dar a última volta das férias pacificamente e sem me cansar muito. A bicicleta fazia 2 meses nesse dia e passava igualmente a barreira dos primeiros 1000km.

Apesar de ir com a melhor das intenções, acabei por ser vítima do prazer que conduzir esta verdadeira bomba dá e, às tantas, olho para a média e andava já a rondar os 18,5 apesar das muitas e duras subidas já ultrapassadas. Excitei-me com o facto e decido carregar mais forte nos pedais até porque dali até ao final era a descer ou em terreno plano.

Estava a percorrer um caminho a descer ligeiramente e vinha literalmente a abrir. Ao chegar a uma curva que já devo ter feito umas 50 vezes seguio que as regras da coisa quando a curva tem uma boa base: uma espécie de bunny hop ao contrário que consiste em aliviar peso no fim da travagem (que praticamente se resumiu a um toquezinho muito leve no travão da frente) para depois metê-lo (o peso) em força quando a bicicleta começa a virar garantindo-se assim que as suspensões comprimem maximizando a aderência.

A manobra teve tanto sucesso que a curva foi feita como se tivesse carris e até poderia ter sido explorada bem mais depressa não fosse eu o nabo que sou. A sensação de equilíbrio foi tão grande que este estúpido achou que já podia pedalar quando, na prática, não só tinha a bicicleta com um ângulo ainda bem vivo mas também estava com os 100/115mm de suspensão consumidos pelo menos a 80% o que aproxima ainda mais a pedaleira do chão. Depois havia aquele calhau meio saído e pronto...

Resultado: o pedal direito bateu violentamente na pedra e os 10,750 kg da bicicleta mais os 68,000 do ciclista levantaram voo aterrando duramente bem mais à frente não deixando de produzir uma cinematográfica poeirada no processo de "arrasto" que se seguiu. Nota artística máxima. Nada melhor para terminar 1000km de puro prazer.

Ontem voltei ao local do crime armado em detective e uma das pedras do lado interior da saída da curva tinha de facto um bocado a menos recentemente arrancado.

Lições a reter:
1 - Se faltam 300 metros para terminar a última volta das férias isso não significa que nos safámos delas sem quedas...

2 - A Blur XC tem de facto o eixo da pedaleira muito baixo e já bati tantas vezes com o pedal no chão que devia ter aprendido - quando se muda de bicicleta devemos adaptar-nos a ela e não esperar tranquilamente que ela se adapte a nós - na rígida acho que tinha dado para fazer aquele número sem bater com o pedal mas eu já não ando na rígida. Parece é que os meus instintos de condução ainda não assumiram a novidade.

3 - Não se estiquem com os apertos das compontentes mais concretamente os travões, os manípulos das mudanças e o poste do selim. A manete direita partiu porque o guiador virou totalmente e ela embateu no chão no sentido contrário ao movimento natural mas o poste e o travão esquerdo rodaram pelo menos uns 30 graus cada um e ficaram intactos. Se estivessem mais apertados provavelmente tinham partido ou rachado.

4 - Sempre que possível não andem sozinhos ou, se não têm alternativa, não abusem - felizmente que deu para me arrastar até casa mas, se tivesse tido mais azar, tinha dado uma valente bernarda até porque era quase de noite.

5 - Por muito que pareça uma "mariquisse", não ter pelos nas pernas dá uma enorme ajuda quando acontecem destas coisas. O colocar e retirar de pensos e adesivos fica mais fácil e menos doloroso. Por outro lado as crostas, ao secar com pelos à mistura, não permitem que a pele acompanhe os movimentos e muita da dor que se sente a seguir é provocada pelo constante "arrepelar" provocado por isso. Ora eu não rapo os pelos e muito me arrependi desse facto nesta última semana.

6 - Pela seriedade da queda, deu para perceber que a possibilidade de se partir um dropout não é de todo igual a zero. Assim, encomendei um e vou passar a levá-lo sempre.

Consequências:

Material
Manete do travão de trás partida (o ponto fraco dos Marta SL) e tenho vergonha de dizer quanto custa um par delas para substituição mas é mais de metade do que me custaram os travões completos. Um manifesto exagero!



Aperto do sapato esquerdo partido (foi uma aventura descalçá-lo).

De realçar que a queda foi no sábado e na 4.ª feira já tinha quer o aperto Specialized quer o manípulo Magura. Fiquei com a sensação que se quisesse obtê-los logo na segunda-feira teria sido possível. Na relação preço/qualidade dos produtos há sempre que levar em consideração o serviço pós-venda. Já ouvi relatos inacreditáveis sobre as semanas e às vezes meses que demoram respostas deste tipo de outras marcas principalmente se envolvem um conhecido importador da região centro cujo nome me abstenho de mencionar.

Ciclista
Hematomas, inchaços, muita feridinha tipo carne-viva e 3 dias seguidos sem andar de bicicleta (pela primeira vez em 18 meses).

Thursday, August 30, 2007

Mais Titânio

Chegaram os restantes parafusos de rotor.

Houve então que os montar.

Infelizmente a balança estava sem pilhas pelo que não deu para ver qual o ganho exacto.

Parece-me essencial usarem-se chaves de qualidade e capazes de medir o respectivo aperto.



Moer um parafuso de Ti é mais fácil do que furar uns Schwalbe Nobby Nic.

Depois há que seguir a recomendação do fabricante quanto ao aperto e garantir que a chave entra na ranhura na posição vertical. Um pequeno ângulo e estamos a arranjar problemas...



Como já tinha referido antes o efeito estético também é interessante.

Antes estava assim:


Agora ficou assim:



Agora está na hora de ir passear a novidade. Seguramente que não se vai notar mas grão a grão...

Wednesday, August 29, 2007

Treinar... ou Treinar?

Não tenho grandes antecedentes desportivos nem sou particularmente dotado.

Dignos de nota são uns 6 meses de treino diário de atletismo de velocidade quando tinha 18 anos e 2/3 anos de treinos intermitentes e irregulares de atletismo de fundo, ciclismo e natação (triatlo) por volta dos 32 anos. Aos 35 anos fiz uma Maratona pedestre que terminei em 2:52:21 e a partir daí foi-me difícil encontrar motivação para me atirar para outros objectivos.

Em Março de 2006 comecei a dar uso à BTT de 1996 e à bicicleta de estrada de 1995 que tinha na arrecadação. Por motivos que se devem prender com uma crise de meia idade (faço 41 brevemente) ou algo assim, tenho mantido uma consistência de treino impressionante. Não estive sem treinar mais de 2 dias seguidos apesar de viagens, quedas, gripes, etc...

Claro que a vida profissional e familiar deixa pouca margem por isso muitos são os dias em que o meu "treino" mal ultrapassa a meia hora. Por outro lado o corpo e principalmente o espírito já não aguentam grandes loucuras do lado da intensidade e nem sempre (praticamente nunca) se dorme o suficiente.

Como me preparo para ser pai pela segunda vez (data prevista - 4 de Outubro) é evidente que se aproximam dias em que não vou poder treinar e sente-se cada vez mais a chegada do momento em que inevitavelmente passarei 2 ou 3 dias seguidos sem pedalar.

Confesso que ando angustiado com essa ideia. Não é que treinar seja um vício. Os vícios são irracionais mas esta sensação é bem racional. Conhecendo-me como conheço sei bem que um período de paragem absoluta me irá destruir o estado de forma razoável em três tempos. É desfazer em poucos dias o trabalho de meses e como já não vou para novo estou certo que nunca mais voltarei ao mesmo nível.

Tinha previsto parar o treino sistemático no fim de Maio e não parei (apenas deixei de fazer séries e dieta). Adiei para Julho mas cá ando eu. Agora estou a tentar passar a apenas 3 sessões semanais a partir de Setembro mas sei que não vou ter coragem.

A Blur XC tem-me dado um gozo imenso e a culpa do vício também é dela. Ando a repetir umas voltinhas que já tinha percorrido mil e uma vezes com a rígida e os tempos que ando a fazer apontam para ganhos sistemáticos de 1km/h para níveis de esforço equivalentes.

Monday, August 27, 2007

Primeiro Sucesso

Ontem participei no passeio de Terrugem. 37 kms de trilhos variados, sobe e desce não muito exigente, muitíssima pedra, percurso marcado e andamento livre. Como habitualmente, há sempre um grupo mais espevitado que encara as coisas como se uma prova fosse e pelo menos esses acabam por meter um andamento a 100%.

Como tenho feito pouco treino de qualidade, aproveitei a oportunidade para fazer cerca de duas horas de esforço intenso e fui com o objectivo de ir a dar o máximo.

Decidi partir com um andamento contido mas suficientemente forte e logo se seleccionou um grupo líder de 4 que foi ganhando algum avanço. Esse avanço viria a perder-se na totalidade devido primeiro a um rebanho de ovelhas (!) que durante 3 minutos obstruiu completamente o caminho. Depois seguiu-se um problema de marcação do percurso que obrigou a voltar para trás uns bons 500 metros. Quanto às ovelhas foi bastante incómodo ver alguns dos bichos a saltar sobre a minha roda da frente e outros, em pânico, a baterem-me na bicicleta com a cabeça. Por pouco não caí.

Nesse processo complicado ficamos 3 na liderança mas, pouco depois, um furo reduziu a frente da “corrida” a dois. Foi nessa altura que se começaram a fazer sentir as maiores dificuldades técnicas e físicas e o avanço foi progressivamente aumentando.

Foi então possível analisar o desempenho da bicicleta face a um concorrente directo (com uma rígida) que aparentemente estava com um andamento muito próximo do meu.

Infelizmente para ele o percurso tinha zonas trialeiras muitíssimo exigentes e a Blur XC fez a diferença. Se a rolar não o conseguia sacudir da roda e a subir, apesar de nunca ter forçado muito, ele parecia firme, no que toca às descidas a diferença era abissal. Quanto mais exigente tecnicamente maior era a distância que lhe ganhava. Depois, fruto do meu andamento contido, recolava com crescente dificuldade (muitas das vezes também por causa da minha insegurança na interpretação das poucas marcações existentes).

Os sinais que ia dando não eram de facto dos melhores (praticamente nunca puxou, limitava-se a seguir na roda) e cedo percebi que seria uma questão de tempo até conseguir escapar-lhe. A folga sobre o terceiro era grande, eu sentia que estava melhor e ele regia-se pelo meu andamento por isso optei por não correr riscos, conservar energias e esperar pelo momento mais adequado para resolver a questão mas não deixando de aproveitar os pontos em que a bicicleta me dava vantagem para o desgastar mais. Evitei levar a decisão para um sprint porque, quando o adversário é 20 anos mais novo e se apresenta com os pelos das pernas bem rapadinhos, pode acontecer que as coisas não corram muito bem por essa via.

Já perto do final houve que atravessar um ribeiro a pé ao que se seguia uma subida com piso relativamente fácil (apenas uns quantos “degraus” não muito altos) mas pouca inclinação. Um elemento da organização entretanto avisou-nos que faltava muito pouco para terminar. Como vinha a contar com mais distância, trazia ainda alguma frescura física e claro que a bicicleta também me poupou bastante.

Não fiz um ataque fulminante mas meti um andamento duríssimo e ganhei cerca de 30 segundos com alguma facilidade. Depois foi só controlar até ao final.

Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que, com uma rígida, nem por sombras teria chegado ao mesmo resultado.

O VPP fez-se sentir muitíssimo nas subidas mais técnicas, mastigando os obstáculos com afinco. Infelizmente a curta distância do eixo pedaleiro também quis aparecer na fotografia e, como consequência, penso que bati com o pedal em pedras ou mesmo nos limites de alguns buracos pelo menos umas cinco vezes.

As rodas também brilharam garantindo um retorno rápido à velocidade de cruzeiro após cada obstáculo.

Concluindo diria que a bicicleta se revelou perfeitamente ideal para este tipo de percurso.



Foto: cortesia de www.filipaqueiros.com

Friday, August 24, 2007

Pesadelo revisitado

No passado dia 20 de Maio participei nos 50 kms da Volta ao Concelho de Mafra. Por muitos e variados motivos é a minha prova favorita. Em 2006 disputei-a pela primeira vez tendo terminado em 4.º lugar para minha enorme surpresa, principalmente porque tive uma queda feia e acabei por fazer quase 15 kms sem líquidos por ter perdido o bidon aquando do acidente.

Este ano preparei-me especificamente para ela, dando-me ao trabalho de reconhecer por várias vezes grande parte do percurso. Fisicamente penso que estava no meu melhor. Não só bati alguns records pessoais em percursos de teste de bicicleta de estrada como tinha alcançado um peso muitíssimo baixo (66 kg para os 1,83m que tenho de altura), ideal para uma prova deste tipo com subidas longas e particularmente inclinadas.
A acrescer ao conjunto penso que estava tecnicamente bem mais "maduro" na bicicleta (infelizmente ainda a rígida com 11,5 kg).

De início o pulsómetro não funcionava devido às interferências no local de partida. Ainda assim não me incomodei demasiado e lancei-me à primeira etapa com a moral no máximo. Como habitualmente, os mais fortes participantes na prova longa (100km) cedo revelaram os seus melhores níveis de preparação e desapareceram pelo caminho fora. No entanto penso que terminei a primeira etapa bem nos 10 primeiros absolutos com a certeza de que à minha frente seguiam poucos oponentes na distância curta.

Já num terreno bem conhecido sugiu outro problema. Um pequeno ramo enfiou-se na cassette fazendo saltar as mudanças. Perdi um minuto a retirá-lo e quando me preparava para enfrentar a pior subida entrou-me um prego de 10 cms pelo pneu de trás a dentro. A mudança de câmara foi rapidíssima mas para meu desespero a botija de CO2 ficou mal encaixada o que me impediu de encher o pneu com uma pressão minimamente adequada.

Acabei por fazer a subida mais longa a 5/8 km/h e a sentir o aro a bater em tudo que era pedra ou tronco. Só no final desta, depois de ter estado parado bastante tempo, houve alguém que me emprestou uma bomba que lá serviu para meter o pneu a 20/30 psi. Recuperei muitos lugares tendo terminado em 19.º. Pelas minhas contas, retirando o tempo perdido nas paragens e na subida tinha seguramente ficado numa das 3 primeiras posições.

Enfim... ficou provado que por muito bem que se preparem as coisas, há factores que escapam totalmente ao nosso controlo.

Hoje decidi-me a voltar ao local do furo e tentar encontrar o maldito do prego porque se meteu na cabeça que queria ficar com ele como símbolo da incapcidade que temos para gerir tudo o que se nos depara. Uma ideia meia parva? Talvez...

Decidi lá chegar fazendo em sentido contrário a tal subida que percorri quase a passo na prova. Ora feitos 30% da descida arranjei maneira de fazer um rasgão no pneu traseiro e não houve selante que lhe valesse. Como senti que ainda havia latex líquido no interior do pneu, arrisquei e gastei a única botija de CO2 que tinha mas claro que o furo não vedou.

Restou-me subir tudo de novo a pé e beneficiar da ajuda de algumas pessoas da povoação mais próxima que me ajudaram emprestando-me uma bomba poupando-me ao esforço e à vergonha de arrastar a bicicleta por cerca de 5kms até à estação de serviço mais próxima.

Importa referir que sem antes desmontar a válvula do aro é praticamente impossível retirar de lá o pneu sem desmontas.

Enfim... o pneu montado sem câmara resistiu a 200kms de violentos maus tratos mas não sobreviveu às más energias daquele local.

Mas hei-de lá voltar... fica prometido...

Figueira da Foz

Passei uns dias na Figueira da Foz e tive oportunidade de realizar algumas actividades interessantes.

Dei o primeiro banho de lama na bicicleta, montei os pneus sem câmara, coloquei alguns parafusos de titânio e principalmente beneficiei da amizade espontânea das pessoas que lá conheci.

Tive direito a uma volta guiada pelos magníficos trilhos locais e à assistência técnica duma autoridade nacional no que toca a material. Pessoas que têm uma satisfação incrível em ajudar os outros a ponto de nem ter mais palavras de agradecimento.

Como remate lógico, no último dia atirei-me à descida rainha dos trilhos que por lá conheci e a conclusão é que dificilmente encontrarei outra que se adapte tão bem às minhas características. Não excessivamente inclinada, com obstáculos quanto bastem mas sem nada de transcendente, curvas relativamente abertas mas a merecer alguma atenção, um saltinho de aterragem fácil em que só não voa quem vier a menos de 20 à hora. Enfim... Já estou com saudades...

Essa descida era feita em sentido contrário na prova de 24 horas de 2006 por isso quem lá foi sabe do que estou a falar.

Para lá chegar basta perguntar na povoação da Serra onde fica o cemitério. A descida inicia-se pelo lado esquerdo.

O final fica junto à rotunda da circular logo abaixo do Foz Plaza.

Infelizmente a resolução do Google Earth para este local não é das melhores.

Tuesday, August 21, 2007

Montagem sem Câmaras (Cont.)

Reduzida a pressão dos pneus para 40 psi chegou a hora de fazer o teste definitivo.

Os resultados são muitíssimo bons mas infelizmente uma constipação impediu-me de produzir fisicamente mas isso acabou por não prejudicar demasiado o teste.

Começo por dizer que o conforto era tal que parei duas vezes para me certificar que não estava furado. A aderência a subir então é excelente mas, apesar de tal parecer um paradoxo, a rolar os pneus parecem incrivelmente soltos.

A descer arrisquei e atirei as rodas para locais que contornaria. Posso mesmo dizer que promovi alguns embates laterais em pedras e raízes mas tudo ficou como estava antes apesar de estar à espera do pior.

Por outras palavras, repetiram-se ou acentuaram-se as sensações do primeiro teste mas com a bicicleta a saltar muito menos em descidas de piso irregular. Aliás penso que salta menos do que fazia com câmaras.

Entretanto pesei a bicicleta na balança habitual que infelizmente só marca até às centenas de grama e constatei que devo ter ganho mais de 150 gramas pelo que a bicicleta deverá estar a pesar um pouco menos de 10,8 kg. convém aqui dizer que não fui nada poupado no selante.

Uma troca de desviador, cassete e alguns parafusos irão trazer o peso para as redondezas de 10,6 - 10,7. Para baixar aos 10,5 kg mantendo alguma da versatilidade da bicicleta só recorrendo a rodas um pouco mais frágeis.

Titânio???


O titânio (Ti) é um metal que produz ligas com propriedades muito interessantes.

Destas destaco a resistência à corrosão e o baixo peso.

A primeira é para mim a mais relevante dado que tipicamente rolo por locais onde existe alguma próximidade com o mar e a corrosão é incontornável. Por exemplo o parafuso de fixação do anel do tubo de selim já apresenta evidentes sinais de oxidação.

Se no processo de protejer a bicicleta de tais agressões se puderem perder alguns gramas tanto melhor.

O parafuso da direcção e os do poste de selim Syntace P6 são de Ti de origem o que já não é mau.

Entretanto adquiri quatro parafusos para fixar as pinças de travão e um conjunto de 6 para os rotores. Confesso que não os pesei por isso não sei quantos gramas perdeu a bicicleta.

Seguem-se mais um conjunto de 6 para o outro rotor e seguramente um para o anel de fixação do tubo do selim. O avanço Syntace F99 também merece algum investimento embora me pareça que os parafusos já terão um nível de protecção bem razoável.

Atenção que ao contrário do inox, o Ti exige algum cuidado acrescido na sua utilização como parafusos nomeadamente:

1 - usar uma massa própria para evitar que as roscas fiquem presas;

2 - nunca fazer apertos com chaves de má qualidade e usar uma alavanca de torque para que se respeitem escrupulosamente as forças recomendadas.

O efeito estético também é bem interessante como se evidencia na fotografia seguinte. Além dos parafusos, também o aperto é feito numa liga do nobre metal.


Saturday, August 18, 2007

Montagem sem câmaras

Hoje arranjei maneira de deitar a mão a dois kits de conversão tubeless da DT Swiss.

Fartíssimo de furos lentos e perfurantes dos Nobby Nic, não hesitei em dar-lhes uso imediato.

Primeiro fui ao site http://www.notubes.com confirmar se os Schwalbe são compatíveis com montagens sem câmara. Parece que sim... Ainda bem. A DT Swiss entretanto afirma que o kit só é aplicável a pneus do tipo UST. Decidi não dar demasiada importância a esse facto até porque os Nobby Nic, mesmo montados com câmara, depois de cheios encaixavam no aro de forma tal que para os retirar após um furo era preciso empurrá-los com alguma força para se soltarem. Excelentes indicações de compatibiliadade portanto.

Segui as instruções à risca mas cedo percebi que só com uma bomba de pé talvez até lá chegasse mas ia perder muito tempo e muito selante...

Assim, instalei as fitas enchi (com a bomba de pé) os pneus até à pressão máxima que consegui (não chegou a 25psi) e repeti o processo umas quantas vezes até porque o ar se escapava totalmente em poucos minutos. Mesmo após estes trabalhos havia sempre uma zona ou outra em que o lado do pneu não contactava o aro.

Peguei nas rodinhas e no material, meti no carro e fui a uma bomba de gasolina bem espaçosa e calma. Foi o melhor que fiz...

Após recolhida a respectiva autorização do empregado, enchi de imediato os pneus até aos 45psi e ambos estalaram no processo indicando que a borracha já estaria muito melhor "acamada" apesar das evidentes fugas. O pior é que havia um rasgão bem grandito no pneu de trás.

Mesmo assim arrisquei e lá foi o selante para dentro.

Assim que meto ar na roda da frente levei um banho de latex que saía abundantemente pelas bordas do aro mas fui agitando o pneu e as zonas de fuga reduziram-se a um único ponto que mesmo assim estava bem difícil de se resolver a calar. Já em desespero decidi meter mais ar e o pneu estalou de novo e foi o fim da fuga. Ficou com próximo de 50 psi.

O de trás aparentemente estava tão bem encaixado que só perdeu latex pelo tal rasgão. Depois de muito vira e revira lá se deixou estar sossegado. Ficou igualmente com a mesma pressão (50 psi).

Chegou então o desejado momento do teste que, seguindo as instruções sobre o assunto, foi feito de imediato porque há que rodar as rodas tão brevemente quanto possível.

Primeiro há que dizer que normalmente ando com 40 psi pelo que usar pressões próximas de 50 criou algumas dificuldades de análise.

Vamos então por partes...

Conforto - apesar da maior pressão pareceu-me, repito, pareceu-me que o rolar era mais confortável. Mais não digo porque é uma sensação difícil de definir. Uma coisa porém é certa. Mais 10 psi deveriam ter resultado na sensação contrária e de facto a descer em zonas acidentadas notei que a bicicleta saltava mais. Curiosamente, em terrenos mais normais os 50 psi não se fizeram sentir.

Resistência ao rolamento - aqui o ganho foi evidente mas pode-se ter devido todo à maior pressão

Aceleração - meu Deus, que diferença. Quando já tinha uma bicicleta que se evidenciava por esse lado (rodas, pneus e câmaras leves e rigidez lateral) nem queria crer que ainda era possível melhorar o que para mim já era óptimo. 3 pedaladas e a bicicleta sai disparada.

Subidas longas - repeti uma subida que tinha feito dois dias antes e subi-a nitidamente mais rápido para um esforço semelhante apesar de ter notado os tais 50 psi a tirarem-me tracção (e segundos) nas zonas mais trialeiras. A subida é longa (demora próximo de 12/14 minutos) e tem zonas com um coeficiente técnico alto. A coisa mais notória foi que estava de facto a meter mudanças mais pesadas uns metros mais cedo após as rampinhas trialeiras que se sucediam.

Comportamento da roda da frente em curva - este assunto preocupava-me e hoje decidi fazer umas quantas curvas à procura do limite do pneu. Posso mais uma vez estar a ser influenciado pelas circunstâncias mas é um facto que curvei mais depressa. Isso é relativamente fácil de verificar quando se passa no mesmo local em dias seguidos.

Enfim... amanhã vem a prova definitiva visto que os pneus vão para 40 psi. Por enquanto está tudo bem e ao tacto os pneus estão tão duros como quando os enchi da última vez.

Quanto aos furos tenho muitíssima esperança que pelo menos diminuam a frequência que neste momento se situa em 1 por cada 70 kms.

Fica a pergunta razoável: porque raio se usaram os 50 psi na primeira montagem sabendo-se que uma das grandes vantagens desta solução é precisamente a possibilidade de se rolar com pressões mais baixas (no meu caso algo em torno de 35 psi)?

Simples. Não li isto em nenhum lado mas o facto dos pneus terem já 500 kms às costas e um historial de furos e rasgões levou-me a pensar que haveria vantagens em "esticar" a borracha ao máximo para que os potenciais pontos de fuga de ar fossem ligeiramente maiores forçando mais látex a navegar para lá para os tapar. Após baixar a pressão os orifícios ficam mais bem vedados (com mais látex) do que ficariam se não se usasse este processo. Por outro lado quanto maior a pressão à partida mais "colado" ao aro fica o pneu.

Mais conclusões brevemente...

Thursday, August 16, 2007

500kms depois, o que correu melhor (Cont.)

O Funcionamento das Suspensões

O sistema Virtual Pivot Point é de facto surpreendente em termos de eficácia. Se a descer é extremamente reactivo ao terreno mantendo a tracção sempre a níveis máximos, a subir então estamos a falar dum esquema que, apenas baseado na sua própria engenharia de base, reduz o efeito da pedalada a ponto de ser dificilmente detectado.

Apenas a pedalar em potência em pé me pareceu recomendável o uso do Propedal do Fox Float RP23 que, como se sabe, reduz ao mínimo o efeito da pedalada na suspensão traseira sem destruir muito a sensibilidade do amortecedor.

11 anos de bicicleta rígida fizeram-me esperar o melhor e o pior duma suspensão total. O VPP revelou-se como uma solução impensável que fornece soluções aparentemente irreconciliáveis.

Outra surpresa muito agradável foi a Reba Team que, assim que afinada de modo a emparelhar com a suspensão traseira, começou a revelar comportamentos muito mais interessantes do que aqueles que exibia na rígida. A bicicleta passou a oscilar paralela ao solo quando na rígida pivotava na roda traseira o que se traduziu ao mesmo tempo em suavidade e capacidade de absorver grandes obstáculos.

Com o passar dos quilómetros fui-me habituando a usar cada vez menos o Propedal principalmente depois de acertar no SAG ideal que no VPP determina muito o adequado funcionamento da suspensão. Curiosamente ou não também uso menos o bloqueio da Reba. Basta que o terreno tenha alguma exigência técnica (e nem tem que ser muita) que de imediato desbloqueio as suspensões para maximizar a aderência.

No passeio da Fexpomalveira que fiz há 5 dias as subidas técnicas sucediam-se e era incrível o terreno que eu aí ganhava ao pessoal das rígidas quando em estradão ou alcatrão pareciam ter um andamento em tudo semelhante ao meu.

O Propedal foi colocado em posição 3 para que desse o máximo efeito de bloqueio. Já que o uso pouco, e só mesmo em condições especiais, então que se sinta na sua máxima eficácia.

Wednesday, August 15, 2007

500kms depois, o que correu melhor

Voltemos a recordar alguma informação.

Santa Cruz Blur XC
Ano: 2007
Cor: Preto Anodizado
Sistema de suspensão: VPP – Virtual Pivot Point
Amortecedor: Fox Float RP23
Tamanho: L
Início do teste: 1 de Julho de 2007
Final do teste: 05 de Agosto de 2007

Peso Total: 10924

Locais: Ericeira, Monsanto, Serra de Sintra e Nisa

Após 500kms feito o balanço do que correu menos bem, está na altura de começar a referir os pontos fortes.

Não vou alongar-me demasiado até porque este assunto gera paixões que naturalmente acabam por prejudicar a objectividade de qualquer análise.

- Rodas

A combinação DT Swiss que reúne 32 raios Aerolite por roda, cubos 240S e aros XR4.2D é seguramente responsável por muitas das boas sensações transmitidas pela bicicleta. Rigidez, resistência, leveza e baixo atrito são propriedades que tipicamente não vão ao mesmo restaurante. Ora neste caso pare que não só se sentam na mesma mesa mas também escolhem a mesma refeição.

Se só pudesse referir uma consequência física das características destas rodas ela seria “acelaração”. Quando num terreno rolante se depara com uma pequena subida de poucos metros mas já com alguma inclinação, basta dar umas quantas pedaladas vigorosas em pé pouco antes dela que a bicicleta é autenticamente “cuspida” para a frente percorrendo logo meia subida até que a inclinação se comece a fazer realmente sentir nas pernas. Aí basta manter a pressão nos pedais e de repente a subida acabou e podemos retomar o ritmo anterior.

Sempre me ensinaram que isso se deve às rodas mas gostava muito de o confirmar montando um par diferente e indo para terrenos bem conhecidos à procura de mudanças de comportamento. Por enquanto continuarei a acreditar que a culpa é das rodas.

Quanto aos efeitos das agressões do terreno, não há mossas nem torções visíveis. E a a zona da Ericeira não é propriamente meiga quanto a projecções de pedras já com algum tamanho.

Estou muito curioso de ver entretanto como vai ser a resposta dela à montagem sem câmara que se avizinha.

Sua excelência a lama

Hoje de manhã choveu bastante.

Estando eu na Figueira da Foz por uns dias, fui dar uma volta na Serra da Boa Viagem.

Já ontem lá tinha ido e confesso que gostei mais das vistas do que dos trilhos. Não conheço nada e por isso limitei-me a procurar caminhos indo invariavelmente parar aos estradões clássicos. O piso era bom exceptuando um ou outro ponto com areia.

Hoje o cenário era outro. Em alguns estradões a lama era uma constante e assim deu para começar a ver como se comporta a bicicleta neste ambientes.

Infelizmente a pouca exigência técnica limitou muito a precepção que tive da bicicleta.

Destacou-se:
1 - o papel do sistema de suspensão e do pneu de trás na aderência a subir;
2 - alguma insegurança na transmissão de trás com uma mudança ou outra a saltar mas provavelmente deveu-se à notória falta de lubrificação na corrente e ao facto de não ter optimizado a afinação depois da agressão de domingo passado em que me fartei de mexer no afinador;
3 - o comportamento em curva dos pneus que, para grande surpresa minha, aparentemente mordem melhor o terreno nestas condições;
4 - o funcionamento impecável do conjunto pedaleiro/desviador da frente ambos Shimano XTR que, comandados pelo manípulo rotativo SRAM XO via cabos Nokon, se riram da lama com desprezo;
5 - o funcionamento dos travões Magura Marta SL que apenas diferiam do habitual porque no início das travagens emitiam um ruído ligeiramente diferente.

Não deu para testar a eficácia dos pedais porque não pus o pé no chão uma única vez mas não é necessário ser-se um cientista para perceber que para os eggbeaters da Crank Brothers a lama é um tema perfeitamente irrelevante.

Sunday, August 12, 2007

"Passeio" Fexpomalveira

Hoje tive oportunidade de participar no 3.º passeio da Fexpomalveira.

Trata-se de um evento interessante porque, apesar de ser alcunhado de passeio, como está excelentemente marcado dá para ser feito sem guia.

Isto equivale a dizer que a regra geral é "tudo a abrir até ao fim".

Ao contrário do ano anterior em que a exigência técnica era baixa o deste ano tinha desafios (e armadilhas) de sobra. O equilíbrio entre o "desafiante" e o perigoso é ténue. Infelizmente vi gente cair de forma assustadora mas aparentemente terá sido só "chapa e pintura".

Enfim... era um percurso para pessoal mais maduro e com bicicletas à altura.

Para mim começou mal. O pulsómetro não funcionava mas o pior é que não sei como nem porquê tinha um elo preso que saltava nas mudanças. Tentei intervir via afinador do manípulo XO mas o problema era realmente outro e tive mesmo que parar perdendo as rodas do restrito primeiro grupo no processo. Resolvido o assunto, sobrou para as mudanças devido a ter "inventado" demasiado com o tal afinador.

Só lá para o km 10 dos 36 que teve o passeio é que atinei finalmente com as mudanças. E se elas faziam falta. Era cada rampa que assustava e sempre recheada de pedras, degraus, areia e valas. As descidas vertiginosas juncadas de obstáculos de respeito também se sucediam.

A Blur XC estava no seu meio e devorava os obstáculos nas subidas com uma facilidade incrível. A descer tinha que ter paciência com o seu dono que decididamente não tem jeito para isso. Todavia dada a situação "tipo prova" o convite para esticar os limites estava bem presente e, para grande surpresa minha, nunca estive sequer perto de cair.

Entretanto aconteceu-me uma coisa única. Apesar de ter que se dar o desconto por estar ainda a recuperar lugares depois da avaria, pela primeira vez na vida entrei numa descida com um grupo e, no final, em vez de ter sido ser largado para trás fui largado para a frente e saí com uns bons 10/20 segundos de vantagem.

Grande Blur XC que até as insuficiências do dono disfarças.

Outro aspecto de destaque foi o facto de ter chegado ao fim com sensações físicas bem diferentes do habitual. Recordo que antes fazia provas em rígida.

Não estou propriamente num apuro de forma e notou-se bem porque a partir do km 25 nas subidas a caimbra era uma ameaça real. Tentei minimizar o problema com um gel energético que claramente teve efeitos positivos e lá consegui acabar a bom ritmo. Fiz 2:09 mas que na prática eram 2:05 porque perdi cerca de 4 minutos nas reparações.

Cheguei portanto ao fim com as pernas muito moídas. Mas muito interessante mesmo era que a dor nas costas e braços que tipicamente me acompanhavam nesses momentos de fim de prova nem sequer andavam por perto. Isto apesar da verdadeira tortura que tanta pedra proporcionou.

Saturday, August 11, 2007

500 km depois, o que correu pior...

500Kms depois...


Recordemos alguma informação e caracterizemos o teste.

Santa Cruz Blur XC
Ano: 2007
Cor: Preto Anodizado
Sistema de suspensão: VPP – Virtual Pivot Point
Amortecedor: Fox Float RP23
Tamanho: L
Início do teste: 1 de Julho de 2007
Final do teste: 05 de Agosto de 2007

Peso Total: 10924

Locais: Ericeira, Monsanto, Serra de Sintra e Nisa

Após 500kms chega a hora de fazer um pequeno balanço sobre a bicicleta e respectivo comportamento.

A forma mais fácil de abordar o assunto parece-me ser o destaque dos pontos mais relevantes dividindo-os em positivos e negativos. Comecemos então pelo pior.

 Pneus
Se tivesse que referir qual a componente que me deu mais dores de cabeça falaria logo nos pneus Schwalbe Nobby Nic 2.1.

Há três aspectos bastante negativos:
• fraquíssima resistência aos furos (7 furos em 500kms é muito),
• falta de aderência do pneu da frente em curva com terreno solto e
• desgaste muito rápido.

Não me alongando demasiado diria que confirmei que o problema dos furos não era das câmaras porque montei a roda de trás com uma câmara bem mais resistente e mesmo assim acabou furada rapidamente. Todos os furos resultaram de perfuração do pneu. Usei pressões entre 40 e 45psi.

Quanto à falta de aderência à frente, por várias vezes estive perto da queda mas felizmente acabei por evitar sempre o pior. Obviamente que paguei caro na curva seguinte ao ver-me obrigado a descrevê-la mais devagar. Parece-me que a densidade e forma dos tacos não é lá muito favorável. Sou uma desgraça a curvar mas não é com estes pneus que consigo disfarçar mais ou menos esse facto.

Relativamente ao desgaste, os tacos laterais já estão bastante “comidos” na parte interior e duvido que durem muito mais do que outros 500kms. 1000 kms para uns pneus tão caros é um pouco puxado. A quantidade de alcatrão que tenho feito não deve chegar aos 10/15% por isso o problema é mesmo da qualidade da borracha.

Soluções: para os furos parece-me evidente que uma montagem sem câmara em muito favorecerá este ponto. Os furos eram sempre lentos e qualquer selante mediano daria conta deles. A falta de aderência à frente também poderá eventualmente beneficiar da montagem sem câmara dado que esta via permite que o pneu acompanhe mais de perto o terreno aumentando por conseguinte a qualidade do contacto. Também vou experimentar montar o pneu no sentido contrário para ver se extraio alguma vantagem nisso. Quanto ao desgaste nada a fazer senão chorar o avultado custo deste modelo.

Concluo dizendo que, compensando estes pontos negativos, os pneus apresentam pelo menos duas características de pura excelência:
• a aderência em situações de travagem ou procura de tracção para progredir é absolutamente indescritível face às experiências anteriores com outros modelos e marcas;
• 460/480 gramas para um pneu 2.1 com tacos com um relevo já significativo é algo excepcional.


 Altura do eixo da pedaleira

O quadro Blur XC vem referido como tendo uma altura de eixo da pedaleira nos 32,5 cms. Retirem-se 11,5cms do curso da suspensão, cerca de 19,5cms do comprimento do conjunto dos pedaleiros, pedais e relevo dos sapatos e fica-se com menos de uns míseros 2cms entre a parte inferior do pedal e o chão. Aparentemente não deveria ser problema porque raramente se esgota o curso traseiro mas o que é certo é que nestes 500kms bati com um pedal no chão por 3 vezes.

Basta uma pequena irregularidade, uma ligeira inclinação na bicicleta ou ter uma pedalada em que se leva o sapato com algum um ângulo na extremidade inferior para se “comerem” os 2cms de folga. E atenção que os eggbeater da CrankBrothers são conhecidos pelo seu baixo perfil. Com outros pedais mais “grossos” ainda seria pior. Tenho receio de partir um pedal em mil bocados num destes dias.

Para minimizar o problema pode-se por mais pressão no amortecedor mas isso compromete o conforto e principalmente o próprio funcionamento do VPP no anular das forças de pedalada porque depende em muito do Sag utilizado. Por outras palavras, em situações em que previsivelmente se vai consumir grande parte do curso (nas três ocasiões aconteceu-me sempre a rolar a grande velocidade ao passar em valas fundas e largas) toca a parar de pedalar e a meter os cranks bem na horizontal.

Estranhamente a altura do eixo pedaleiro é a mesma nos tamanhos M e L. Penso que a Santa Cruz deveria analisar esta questão e, no modelo L, tentar subir o eixo de pedaleira mais 5 a 10mm. O facto da suspensão traseira ter 115mm de curso e não 100 como a da frente, deveria dar margem para alterar este parâmetro sem comprometer demasiado a restante geometria. Desconfio que os triângulos traseiros são iguais nos dois modelos daí esta "coincidência".


 Impactos da corrente e dos cabos contra o quadro
A posição das escoras do lado direito não é nada amiga da respectiva pintura. As chicotadas de corrente são uma constante nesta bicicleta mesmo tendo um desviador SRAM X9 e não um Shimano que, como se sabe, tem os seus XT e XTR debaixo de muita crítica neste domínio. Houve por isso que proteger bem as escoras mas mesmo assim, em terrenos mais irregulares, sentem-se fortes pancadas da corrente. A passagem dos cabos também não é das melhores e, em alguns pontos, há que protejer bem o quadro antes que a pintura sofra.


 Ruídos nos cabos Nokon
Estes cabos são excelentes para garantir uma solução de atrito mínimo com baixo peso mas, ao serem constituídos por dezenas de elementos independentes encaixados uns nos outros, acabam por ranger com as naturais vibrações da bicicleta criando mais uma fonte de ruído.


 Dificuldades em sangrar adequadamente os travões Magura Marta SL
Os travões Magura Marta SL têm uma solução de manutenção muito pouco “limpa”. Em vez de possuir dois pontos de purga, o acesso ao líquido obriga a abrir a tampa do depósito junto ao manípulo. Ora isso faz com que seja particularmente cansativo fazer circular o respectivo óleo mineral no circuito de travagem porque é muitíssimo fácil que ele transborde e há que estar constantemente a recolhê-lo com uma segunda seringa.

Isso obriga a ser muito suave na injecção do fluido tornado mais difícil fazer sair as bolhas de ar mais teimosas. Felizmente que, após terminados os difíceis trabalhos de purga, podemos contar com um travão muitíssimo eficaz e facilmente doseável que em muito contribui para a segurança em velocidades mais elevadas.



 Montagem dos apertos de roda Tune
Os apertos Tune pesam os dois 52 gramas exactos. Em conjunto pesam menos do que o “levíssimo” aperto traseiro das rodas Mavic CrossMax SLR. Agora o seu estilo minimalista obriga a que a alavanca não tenha batente interno. O que significa isto? Significa que as alavancas em vez de rodarem sobre o eixo 180 graus como as clássicas conseguem fazer a volta completa. Isso significa abrirem se ultrapassarem os 90 graus. Torna-se por isso obrigatório que o aperto seja feito de modo que o topo da alavanca fique encostado ao quadro ou à perna da suspensão. Se o quadro tem uma zona ideal para o fazer já do lado da suspensão a conversa é outra. Não deixo de pensar que num belo dia durante uma descida feita “à bruta” haverá uma rocha ou um pau que se conseguem enfiar entre a alavanca do aperto e a perna da suspensão forçando a abertura daquele com consequências catastróficas. Na foto é visível um rectângulo de fita cola no ponto onde o aperto tem que contactar a perna da suspensão. Obviamente que serve para protejer a pintura que de outro modo poderia ficar riscada.

Friday, August 3, 2007

(Fraca) Estreia em competição

Nisa - XC - Classe de Promoção - 29 de Julho
Temperatura: para aí 35 a 40 graus... A máxima desse dia andou pelos 42/43.

Prova toda feita com o Propedal fechado em posição 3 (a mais "dura"). No fim verifiquei que só utilizei metade do curso traseiro. O percurso tinha exigência técnica próxima de zero por isso a Reba também só era aberta nas duas descidas mais íngremes. O pior que havia eram uns calhaus soltos e muitas depressões das saudosas poças de inverno.

Levei dois clicks a mais no rebound o que se revelou perfeito para esse terreno. Muitos momentos houve em que não se via o dito cujo terreno tal era a poeirada.

Primeiros 15 minutos a rolar nas rodas do grupo da frente (médias próximas de 35km/h , grandes malucos). Isto feito dentro de alguns limites de conforto físico. Era incrível a quantidade de pó que o grupo levantava (seriam 15 a 20). Muitas vezes as trajectórias eram decididas por instinto porque mal se via a roda do ciclista da frente.

Espantosamente, a descer aguentava-me o que para mim é completa novidade (com a rígida perderia logo as rodas). Descolei obviamente na primeira subida digna desse nome e continuei bem começando mesmo a passar aquele pessoal que se estica sempre nas saídas e depois paga com juros.

Mas pouco depois os 30 e muitos graus que se faziam sentir, de repente e sem aviso, decidiram dar-me com uma marreta na cabeça que me começou a doer fortemente e o resto foi a diesel. É o que dá treinar sempre de madrugada pela fresca...

Para a festa ser completa, perdi-me a pouco mais de um km de cortar a meta porque aquele pessoal parece que gosta de poupar nas placas de sinalização (aliás para encontrar o local da prova já foi uma aventura). Decidi desistir.

Fiz 25 minutos na primeira volta mesmo tendo baixado o ritmo no último terço. Penso que o vencedor marcou 49:20 ou 49:40 pelo que se pode dizer que a prestação física nem foi demasiado má.

Pelo menos não cai nem furei. O Nobby Nic da frente limitou-me em curva sem no entanto causar embaraços de maior.

A parte mais engraçada aconteceu nas longas rectas feitas a 35km/h ou mais em grupo compacto. A percentagem de bicicletas rígidas no grupo era enorme e era muito difícil ver o terreno. A consequência era que a cada buraco havia desgraçados que devido à velocidade enorme quase que eram "ejectados" pelo selim enquanto eu me desviava deles tranquilamente a pedalar sentado. Depois era vê-los a penar para recuperar o ritmo de novo.

Enfim... A bicicleta passou no teste com distinção. O ciclista chubou!

Sunday, July 8, 2007

O quadro (parte 3)

Cá estão as prometidas fotografias.




Quadro:
Detalhe do VPP (Virtual Pivot Point):
Peso total:


Saturday, June 30, 2007

O quadro (parte 2)

O quadro chegou no dia 29. O dia 30 foi passado na montagem na loja de um amigo.

O aspecto dele (do quadro, o amigo não comento) é verdadeiramente espectacular e já com as componentes postas ficou ainda melhor do que esperava.

Para já dei uma volta de 3 minutos à noite em alcatrão. Deu já para perceber que a bicicleta é extemamente reactiva. Uma pedalada mais forte e ela dispara de imediato. Essa sensação dominou todas as outras e em tão pouco tempo não foi possível extrair mais conclusões significativas.

O peso do quadro excedeu em 51 gramas o que a marca anuncia o que não me pareceu particularmente grave.

Ainda há umas "arestas por limar" na bicicleta mais concretamente uma folga lateral no tubo da direcção que penso dever-se à necessidade de alinhar melhor um dos elementos da caixa de direcção.

Também haverá que fazer a "rodagem" das pastilhas de travão para depois tratar de aprefeiçoar o respectivo alinhamento garantindo que o rotor fique centrado.

É ridiculamente má a falta de capacidade das pastilhas novas. A travagem é pior do que a que se consegue com V brakes de gama média. Felizmente que após o devido tratamento a conversa vai ser outra.

Fotografias brevemente!

Wednesday, June 20, 2007

O quadro (parte 1)

Segundo informação recente o meu quadro já está em Portugal. Provavelmente chegará às minhas mão a 26 ou 27.

Logo que chegue publico fotos e peso.

Monday, June 18, 2007

Componentes: pesos pluma

Chegaram as peças mais exclusivas:

Um poste de selim Syntace P6


Um avanço Syntace Force 99


e uns apertos de roda Tune


Os pesos cairam dentro do esperado.

O poste é excepcionalmente bonito e provavelmente será cortado dado que, apesar de ter umas pernas muito compridas, duvido que vá necessitar de toda a extensão.

O avanço trazia uma tampa de direcção própria e lubrificante. Quanto à medida optei por comprar um relativamente longo (12 cm) porque gosto de me deitar sobre a bicicleta. A minha actual tem um de 13cm mas o tubo superior é 1 cm mais curto. Talvez tenha exagerado, logo se verá.

Os apertos parecem muito frágeis mas as indicações que tenho é que passaram montes de testes de carga pelo que até são mais seguros do que muitos dos correntes que pesam mais do dobro em alguns casos. Se assim for, a sua relação peso/função é verdadeiramente impressionante.

Wednesday, June 13, 2007

Compras: o serviço (parte 3)

Recebi hoje a última das encomendas (falta o quadro, claro) por isso posso fazer um balanço final sobre o serviço de vendas.

Ao longo deste tempo usei 4 vendedores online: actionsports, bike-x-perts da Alemanha, mtbikers da Bélgica e pricepoint dos Estados Unidos.

Os parâmetros que me parecem passíveis de ser avaliados são os seguintes:

1 - qualidade da informação na página,
2 - tempo de resposta a questões colocadas,
3 - simplicidade na encomenda,
4 - tempo passado entre a encomenda e a entrega,
5 - qualidade da embalagem,
6 - qualidade da empresa de entregas,
7 - preço,
8 - diversidade da oferta.

A folha abaixo resume de 1 (nota mínima) a 3 (nota máxima) a percepção que construi do respectivo serviço.



Não se pode dizer que algo tenha corrido mal. As diferenças nos totais foram mínimas.

Tuesday, June 12, 2007

Compras: os custos (parte 2)

Enquanto não chega a última encomenda (que já está em Lisboa mas que não foi entregue porque estou de férias) vamos a contas.

Há que dizer que o preço a pagar é obviamente alto mas estamos a falar duma btt "topo de gama" que, bem vistas as coisas, até vai ficar mais barata do que muitas soluções de referência das melhores marcas disponíveis no nosso mercado com a vantagem de que terá exactamente o equipamento que eu quero (além do peso seguramente menor do que o da grande maioria).


Para que se chegue ao preço final exacto há que considerar mais o quadro (cerca de 2000€), a suspensão, os pneus e câmaras, o desviador traseiro, os manípulos, o guiador, os punhos, o selim e o porta bidon.

Estes últimos componentes ficaram em cerca de 800€.

Posto isso ficou tudo por cerca de 4700€.

Um valor alto mas relembro que a minha BTT actual tem 11 anos e mantenho a esperança de que esta me dure mais ou menos o mesmo.

Saturday, June 9, 2007

Compras: os sites (parte 1)

Comprar na "net" é à partida a melhor forma de se conseguirem os preços mais baixos.

Todavia é uma solução que comporta riscos quer no acto de compra propriamente dito (atrasos, má embalagem, trocas, etc...) quer principalmente no domínio do chamado pós-venda.

Enfim... há que pesar bem todos os factores e estar ciente de que nem sempre as coisas correm pelo melhor.

Quem opta pela via do e-trading deve seguir sempre um conjunto apertado de estratégias para minimizar ao máximo os riscos de algo correr mal.

No meu caso fiz o seguinte:
1 - informei-me junto de conhecidos sobre anteriores experiências e fiz uma primeira lista de sites;
2 - peguei nessa lista e pesquisei comentários pelos fóruns eliminando logo aqueles com nota menos positiva;
3 - contactei os sites pela via recomendada com questões exemplo procurando através do tempo e qualidade da resposta tirar conclusões sobre o respectivo serviço.

Depois de escolhido o equipamento, seleccionei entre todos os sites eleitos qual o mais barato para cada componente.

Procurei igualmente saber qual a transportadora. Conheço pessoas que já se queimaram valentemente não por causa da compra em si mas sim devido à falta de qualidade do tranportador.

Finalmente utilizei o cartão MBNet para fazer a compra dado que, mesmo que a informação vá parar às mãoes de terceiros, o saldo específico e limitado inviabiliza qualquer possibilidade de fraude.

Os sites que utilizei foram os seguintes:
http://www.actionsports.de/
http://www.bike-x-perts.com/
http://www.mtbikers.com/

Considerados de confiança mas excluídos apenas por preço menos competitivo ou falta do equipamento pretendido foram:
http://www.chainreactioncycles.com/
http://www.hibike.com/
http://www.fizzbikes.com/

Brevemente indicarei qual o equipamento comprado a cada um, quanto custou e como correu o negócio.

Falta apenas dizer que, pelo menos num caso, comprei um componente a um preço inferior ao valor de revenda em Portugal a ponto dum logista estar a considerar usar esse site para se fornecer.

Tuesday, June 5, 2007

Componentes: rodas (novamente)

Chegaram as rodas DT.

A configuração é a seguinte:

2x 32 raios DT Aerolite
Cubos DT 240s para disco com fixação de 6 parafusos
Aros XR 4.2
Cabeças de raio DT em alumínio

Optei por uma montagem de 32 raios porque a penalização de peso não é grande face ao ganhos de rigidez lateral e robustez geral.

Pesos em gramas (sem apertos rápidos)

Frente 731
Traseira 858
-------------
Total 1589

Com os fundos de jante colocados o valor sobe 31 gramas.

Pelo que tenho visto nos sites de referência, o peso final das rodas fica cerca de 100 gramas acima das Mavic Crossmax SLR mas conto poupar cerca de metade disso nos apertos rápidos (que serão uns levíssimos e exclusivíssimos Tune).

O ganho de rigidez lateral das rodas somado ao menor atrito dos cubos na minha modesta opinião mais do que compensa as perdas do lado do peso.

Este último aspecto é mais relevante do que parece. Um teste duma reputada revista francesa calculou que face aos DT 240s, um cubo Shimano XTR exige mais 2 watts de potência para movimentar a roda às velocidades normais de BTT. Os Mavic exibem melhor performance situando-se a meio do caminho entre os outros dois.

Traduzindo em dados reais, segundo os meus cálculos (falíveis), se dois ciclistas produzirem uma potência exactamente igual chegarão ao final de uma hora distanciados por 100 metros se a única diferença for nos cubos - vantagem para os DT face aos XTR como acima se disse. A velocidade de referência usada foi de 22 km/h.

Eu já perdi ou ganhei lugares em provas (e participei em poucas) por diferenças dessa ordem ou mesmo menores por isso creio que vale a pena considerar este factor...

Monday, June 4, 2007

Componentes: o conjunto pedaleiro

Aos poucos as componentes vão chegando.

Hoje recebi o pedaleiro e, se tudo correr de forma normal, amanhã chegam as rodas.

Infelizmente a maior parte das componentes vem dum outro site que está a revelar-se fraco, quer no tempo de envio, quer principalmente por nem sequer responderem quando lhes perguntei porque é que a encomenda ainda estava no estado inicial (em preparação).

Daqui a alguns dias, depois de receber a última das encomendas, publico uma análise aos sites utilizados.

Passemos então a melhores letras.

O pedaleiro XTR de 2007 é uma admirável peça de engenharia com uma beleza tal que até me dá um nó na garganta pensar nos maus tratos que o esperam.

O que procuro num pedaleiro? (não necessariamente por esta ordem)

1 - rigidez das manivelas e das rodas

2 - rigidez do eixo

3 - ergonomia

4 - facilidade e docura nas passagens de mudança

5 - baixo peso

6 - baixo atrito

7 - durabilidade

O último factor não é susceptível de ser verificado numa voltinha de duas horas que é a experiência de XTR que eu tenho.

Agora os 4 primeiros factores revelaram-se absolutamente excepcionais no meu teste.

Pedalar em pé a subir com uma mudança bem pesada é normalmente o teste de fogo para um pedaleiro e o XTR passou com nota máxima. O XT que tinha experimentado em Fevereiro chumbou francamente na rigidez das manivelas.

Quanto à ergonomia, esta manifesta-se principalmente pela forma como a alavanca consegue funcionar como um prolongamento natural do pé. Juntamente com a rigidez do conjunto, este ponto minimiza as perdas de potência da pedalada, transmitindo de forma imediata e directa o movimento das pernas às rodas pedaleiras.

Os XT que testei pareciam obrigar os pés a fazer um movimento de "S" que indiciava uma óbvia falha neste factor. Os velhinhos Middleburn que uso não apresentam problemas de maior neste domínio mas perdem duramente para os XTR. Aqui um micron de movimento do pé transforma-se exactamente num micron de movimento do pedaleiro acontecendo isto num nanosegundo.

Relativamente à passagem da corrente entre os pratos pedaleiros, o que se pode dizer é que a sensação é em tudo parecida com as passagens na cassette. Nas mudanças ascendentes o elaborado sistema de rampas encarrega-se de, com uma mínima perda de contacto, colocar a corrente no dente certo de forma inacreditavelmente suave. No meu caso, em situações de fim de subida, início de descida (em que se pedala com menos carga), tive várias vezes que olhar para o pedaleiro porque nem acreditava que tinha mesmo passado de prato.

Quanto às passagens para baixo, a tarefa recai mais sobre o desviador mas, de qualquer modo, o perfil dos dentes joga um papel muito relevante. Neste caso a Shimano utilizou um desenho assimétrico o que facilita nitidamente a manobra.

O peso, apesar de ter sido verificado com todos os aneis de ajustamento (que não serão necessários mas ainda assim são bastante leves), ficou cerca de 4% acima dos 770 gramas indicados pelo fabricante.

Thursday, May 31, 2007

Componentes: o que passa da antiga bicicleta

Além da Rockshox Reba Team, haverá mais um conjunto razoável de componentes a transferir da actual BTT:

Desviador traseiro SRAM X9 - funciona muito bem (gosto claramente mais do SRAM X9 do que do Shimano XTR). Reconheço que responde às solicitações de forma um pouco mais "preguiçosa" do que o X0 que, esse sim, é o melhor que já experimentei.

http://www.sram.com/en/srammountain/components/x9/rearderailleur.php

Manípulos SRAM X0 Twist - apesar da evolução dos manípulos tipo rapidfire e trigger, continuo a gostar dos chamados gripshifts não só pelo peso menor mas principalmente porque requerem muito menos precisão de afinação (faço centenas de kms, algumas vezes com condições bem extremas, sem ter que tocar nos afinadores). Controlar o desviador da frente com estes manípulos então é muitíssimo mais fácil devido à multiplicidade de posições intermédias.

http://www.sram.com/en/srammountain/components/x0/twistshifter.php

Selim Selle Italia SLR XC Gelflow - 178 gramas de ergonomia perfeita mas que requerem alguma adaptação para quem como eu vem dum Selle Italia Flite clássico. Como daqui a dias vou fazer uma Maratona do nacional (Estremoz - 03-06-07) só para ver se consigo chegar ao fim porque nunca na vida fiz mais de 48kms seguidos, vem aí a prova de fogo deste selim. Admito que se torne incómodo passadas duas horas mas o "diálogo" com o selim é muito mais meigo quando a bicicleta tem suspensão total por isso não estou muito preocupado.

http://www.selleitalia.com/eng/index.html

Guiador Easton EC70 - guiador recto em carbono mas sem demasiados exageros do lado do peso poupado. Tem um ângulo relativamente pronunciado para trás que me mudou um pouco a posição (pelas minhas contas, face ao que tinha anteriormente, tirou cerca de 1 cm na distância real ao guiador) mas aumentou o conforto. Comprei-o no Ebay novo por metade do preço praticado cá na nossa terra.

Wednesday, May 30, 2007

Componentes: travões

Uma bicicleta polivalente, minimamente preparada para enfrentar todas as condições com uma relação razoável entre segurança e performance, não pode ser montada com V-Brakes.

Houve portanto que escolher um sistema de travão de disco.

Testei os Shimano XT e XTR (que achei lentos na resposta). Testei os Avid Juicy 7 (excelentes!) e os Magura Marta.

Acabei por me decidir pelos últimos na sua versão SL até porque consegui que viessem dos Estados Unidos. Lá, não só têm um preço de tabela mais barato do que na Europa (situação estranhamente habitual para muito material fabricado na União Europeia), mas também, com a desvalorização do dolar, acabaram por sair a pouco mais do que metade do preço no nosso país.

Um travão para uma bicicleta de XC/Maratona minimamente leve com um ciclista leve (peso menos de 70kg) não necessita de rotores com mais de 160mm. Importa também que o sistema não seja excessivamente penalizador do lado do peso.

Este último ponto reduziu-me a escolha aos Hope Mini, Magura Marta SL e Avid Juicy Ultimate.

Os Magura têm a vantagem acrescida de usarem óleo mineral e não DOT que como se sabe é um líquido suficientemente corrosivo para arruinar a pintura de um quadro se houver algum descuido numa operação de manutenção.

Quanto ao peso (e em futuros posts falarei mais sobre isso) ficaram pelos 365 gramas cada (com todas as peças incluindo anilhas) mas antes de cortar o cabo. Este vem com 180cm quando por exemplo no travão da frente dificilmente serão necessários mais de 80.

Com rotores NoTubes e parafusos de titânio retiram-se perfeitamente 100/120 gramas ao sistema todo (e algum desempenho também) mas sai estupidamente caro e duvido que se ganhe muito com isso.


Tuesday, May 29, 2007

Componentes: suspensão e rodas


Como a bicicleta está a ser projectada para competir, a escolha de componentes é particularmente crítica.



Os factores chave são para mim o funcionamento sem falhas e o baixo peso.



Após um período de demorada pesquisa, foi possível perceber que, passando as melhores peças da minha actual bicicleta e utilizando os mais reputados pontos de venda via internet (em que a relação preço/qualidade é imbatível), seria possível ter o conjunto ideal sem que isso fizesse um enorme rombo no orçamento.



Começemos então pelos pontos mais críticos: suspensão e rodas



A suspensão da frente é uma transferência da bicicleta actual - Rockshox Reba Team de 2007.

http://www.sram.com/en/rockshox/crosscountry/reba

Há melhor? Sinceramente acho que há! Qualquer Fox F100 tem um funcionamento mais eficaz mas é muito mais exigente em termos de manutenção e não tem bloqueio remoto que é algo sem o qual eu não consigo viver. A F100X com bloqueio inteligente é tão cara que foi posta de lado. Talvez num futuro upgrade.



Quanto às rodas rapidamente se reduziram as escolhas às Mavic Crossmax SLR e às DT Swiss 1540. Porquê? Porque são ambas referências da relação peso/performance. Os factores a valorizar numas rodas são para mim a qualidade da montagem, a rigidez lateral, o peso e atrito dos cubos.


Estes dois modelos evidenciam-se precisamente por essas propriedades com ligeira vantagem das SLR no peso e rigidez lateral contra uma mais notória superioridade das DT na montagem e principalmente na qualidade dos cubos. Nesse ponto a engenharia suiça continua a dar cartas.



Acabei por optar pelas DT mas cedo percebi que era possível, por um preço mais módico, encomendar umas rodas artesanais precisamente com os mesmos componentes com a enorme vantagem dos cubos terem fixação IS para os rotores. As 1540 vêm montadas para Centerlock embora tragam um conversor mas este aumenta o peso e a complexidade.

http://www.dtswiss.com/index.asp?fuseaction=wheels.bikedetail&id=4

Porque se conseguem umas DT 1540 artesanais mais baratas? Porque as pré-montadas trazem sacos, apertos DT (muito bons mas algo pesados) e os conversores para os discos. Além disso passam por um apertadíssimo controlo de qualidade com tolerâncias mínimas e trazem uma garantia que as artesanais obviamente não disponibilizam.


Para "fazer" umas 1540 "basta" ter um par de cubos DT 240s, um par de aros XR4.2, 56 raios (penso que de 26.4cm) DT Aerolite e as respectivas cabeças. Quem procurar uma montagem mais robusta pode optar ainda por uma solução com 32 raios que à partida permite ganhar alguma rigidez lateral sem demasiada penalização de peso (menos de 40/50 gramas).

Suspensão total para competir

Em Fevereiro de 1996 comprei a minha primeira e actual BTT.



Uma Specialized Stumpjumper em aço CrMo com forquilha rígida e equipamento de média gama.

A uma fase com alguma intensidade de uso, na qual fui melhorando as suas componentes, seguiu-se um período de praticamente uma década com muitos meses em que a bicicleta raramente saía da garagem.

O ano passado em Março, comecei a treinar com alguma regularidade e aproveitei para participar em algumas provas menores (XC em Promoção e maratonas de meia distância).

Tendo as raizes noutra década, e depois de ter estado por fora das evoluções entretanto ocorridas, fiquei abismado com a quantidade de bicicletas de suspensão total que se encontravam em provas principalmente quando estas eram um pouco mais extensas.

Para mim suspensão total equivalia a descer mais rápido e com mais segurança mas pagando um preço bem elevado: menor eficiência na pedalada, flexão lateral e peso adicional.

Por outras palavras, para os meus objectivos não fazia sentido.

Testei uma Specialized Epic, que supostamente nos consegue dar o melhor dos dois mundos devido ao bloqueio inteligente, e gostei do conforto, fiquei satisfeito com a rigidez lateral mas quanto a subir, pareceu-me ficar bem aquém da sensação de resposta directa da minha rígida até porque a "inteligência" do bloqueio não se faz sentir 100% do tempo.

Não só a penalização do peso foi notória mas também a tracção a pedalar em pé estava bem longe do óptimo.

Seguiu-se uma GT I-Drive em Carbono e aí fez-se alguma luz. Com um peso próximo de 11,4 kg e um amortecedor Fox RP23 com plataforma, posso dizer que respondeu às subidas mais duras bem melhor do que a minha rígida. O teste de fogo foi numa rampa com elevadíssima inclinação e aderência mínima onde frequentemente chegava bem próximo das 180 pulsações. A GT levou-me ao topo da subida sem perdas de tracção, seguramente mais depressa e a uns surpreendentes 170 batimentos por minuto.

Nesse momento soube que a minha próxima bicicleta teria uma suspensão atrás.


A escolha

Comprar essa GT seria o mais óbvio mas queria mais opções e depois de muito pesquisar reduzi a escolha a 5 quadros. Uma coisa era certa: o Fox RP23 teria que fazer parte da solução e assim foi:

a) Yeti ASR-SL - http://www.yeticycles.com/Bikes/BikesASR.cfm

b) Santa Cruz Blur XC - http://www.santacruzbikes.co.uk/bicycles/blurXC.html

c) Rocky Mountain Element 70 - http://www.bikes.com/bikes/2007/element/element-70.aspx

d) GT I-Drive Carbon - http://www.gtbicycles.com/mountain/catalog/detail.php?id=2719&country=usa&brand=moun

e) Turner Nitrous - http://www.turnerbikes.com/2007/nitrous.html

A GT era a mais barata mas fiquei logo mal impressionado com a fraca qualidade do seu site que remete para o país do utilizador mas depois não tem informação útil. Injustificável no século 21 e é um mau indício relativamente ao suporte ao cliente. Além disso:
1 - as outras são mais leves tirando talvez a Rocky Mountain que deve andar pelo mesmo peso;
2 - não gosto muito daquele monocoque compacto que por exemplo nem tem espaço para um bidon e eu não gosto de Camelbacks;
3 - o sistema I-Drive apesar de funcionar muitíssimo bem parece-me excessivamente exposto aos elementos e no meu teste produziu uns ruidos em carga que me sobressaltaram.

Quanto às outras, a inclinação inicial foi para a Yeti mas depois descobri que tem uns pequenos flexores em carbono nas escoras superiores que melhoram substancialmente o funcionamento da suspensão mas que me deixam preocupado quanto à sua longevidade. Trata-se de uma versão minimalista dos sistemas é da Cannondale Scalpel e da Orbea Oiz (baseado não num ponto de rotação mecânico mas na flexibilidade natural do carbono) ficando assim um pequeno pivot auxiliar junto ao eixo da roda traseira.

A Rocky Mountain acabou por ser eliminada por ter uma solução de suspensão demasiado tradicional e porque a geometria do quadro, apesar de ser a mais próxima do meu actual, me pareceu demasiado "puxada à frente" e uma das minhas "especialidades técnicas" é passar por cima do guiador nos drops aterrando de costas no chão. Devido à minha total incompetência técnica sou obrigado a sacrificar alguma eficiência a subir em troca de um pouco menos de insegurança em descidas muito inclinadas.

A Turner era a mais leve e a eficiência das suspensões desenhadas pelo Sr. Paul Turner é verdadeiramente lendária. De todas é a mais virada para a competição pura e dura pelo que tem cerca de 8cm de curso contra os 10 ou mais das restantes. Todavia deparei com um conjunto de posts em pelo menos dois foruns em que os infelizes proprietários se queixavam da fraquíssima resistência do quadro. Como quero uma solução duradora, a Turner ficou fora.

Fiquei assim com a Santa Cruz Blur XC e o muito bem reputado VPP - Virtual Pivot Point. As opiniões sobre a bicicleta são em geral positivas restringindo-se as queixas a dois aspectos particulares: traseira demasiado estreita para determinados pneus (2.2 para cima) e pivots ruidosos (exigência de manutenção demasiado frequente).

Os pneus não serão problema porque dificilmente irei usar algo acima de 2.0 atrás. Quanto à manutenção dos pivots, a Santa Cruz mudou de rolamentos este ano provavelmente para melhorar esse aspecto que seguramente os incomodava porque aparece referido em muitos fóruns de referência.

A encomenda do quadro (em preto anodizado) foi feita no início deste mês. Das restantes componentes falarei brevemente.